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Júlia Lopes de Almeida nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de setembro de 1862. Considerada um verdadeiro fenômeno literário, escreveu romances, contos, novelas, peças teatrais, crônicas, ensaios, livros didáticos e infantis. Estreou como escritora em 1881, incentivada pelo pai, com a crônica sobre a atriz italiana Gemma Cuniberti, publicada na "Gazeta de Campinas", e atuou como cronista nos mais importantes jornais do país. Entusiasta da modernidade e das mentalidades daquele período de efervescência cultural e intenso otimismo, formou em seus textos um amplo painel da Belle Époque carioca. Seu primeiro romance, "Memórias de Marta", foi publicado em folhetim, na "Tribuna Liberal", do Rio de Janeiro, de 1888 a 1889. Nele, registrou as condições desumanas vivenciadas pelos moradores de cortiços. Depois, publicou "A família Medeiros", "A viúva Simões", "A falência", "A intrusa", "Cruel amor", "Correio da roça", "A Silveirinha", "Pássaro tonto" e "O funil do diabo". Em parceria com o marido, o poeta português Filinto de Almeida, publicou "A casa verde", sob o pseudônimo A.Julinto. Com a irmã Adelina Lopes Vieira, escreveu "Contos infantis", livro destinado ao uso nas escolas primárias. Em seu casarão no bairro de Santa Teresa, oferecia celebrados saraus nos jardins, então conhecidos como "Salão Verde". Atuou ativamente no meio literário, jornalístico e intelectual brasileiro, e foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, porém não integrou a lista oficial por ser mulher. Lutou pela emancipação feminina, aconselhou mulheres a trabalharem e terem sua própria fonte de renda para não dependerem dos homens, criticou filósofos misóginos, pleiteou severamente a falta de educação para as mulheres, mas, sobretudo, o tipo de educação que recebiam em casa --- ou seja, alienadas politicamente ---, destinadas unicamente ao casamento e à futilidade. Morreu em 1934 e, desde então, foi gradativa e injustamente alijada da memória e história literárias.
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