Aromas, poros, pele, liberdade, dores, fragmentos, paixão. A leitura de "Nós somos eles" traz-nos uma beleza minimalista, repleta de intensidade e impulso, indagando-nos se não "existimos pelas beiradas", fundidos em sensações, suspendendo o tempo e o "encanto rastreado".
A poesia de Cynthia Roncaglio é um "corpo ávido, desejo difuso", uma "troca oblíqua" que nos permeia com amores, desencontros, desejos. Ela tem o poder de tocar nos "buracos do gozo", num ritmo de "energia silenciosa", no mistério da vida que vai e vem. Suas palavras são instintivas, "solo, superfície" e mastigação - o elo invisível que conecta leitor e poesia, um risco que "nasce, renasce, espia, escuta, vê, regenera", um "tumulto do lado de dentro". Cynthia é voz e coração, "suas palavras encarnam a profundeza do oceano". É também um "mosaico vulcânico", em uma contracorrente que percebe a vida e, na "pele do corpo, vê passar o tempo", jogando um véu translúcido sobre o mundo, acalentando-nos e arremessando-nos imagens que "se somam e somem", trazendo a sensação de sermos salvos por sua poesia a cada página virada.