Nesta coletânea de 1595 e 1598, o autor de Os Lusíadas expande e aprimora os versos decassílabos introduzidos em Portugal por Sá de Miranda.
Em diálogo constante com o poeta humanista italiano Francesco Petrarca - popularizador do soneto e cuja obra é reescrita, respondida e referenciada neste volume -, os versos de Camões cantam o amor idealizado e a desilusão, a noção heraclitiana de mudança e o conflito entre o desejo e a razão.
Camões nunca deixa de se espantar com o desarranjo do mundo e abre o caminho para os barrocos, inserido no renascimento português mas já com os dois pés no maneirismo do desencanto. É dessa fricção contra a corrente do tempo que se produz a eletricidade que põe em movimento a máquina poética de um de nossos escritores fundamentais. Camões segue mais vivo do que nunca.