Sobre o livro: Depois de percorrer a relação entre arquitetos e clientes a partir dos conceitos da psicanálise em Arquitetura no divã, Shirlei Zonis utiliza a mesma ferramenta para tocar em um ponto ainda mais sensível, o vínculo com os trabalhadores do canteiro de obras. Um tema que não está nos currículos de formação de profissionais de arquitetura, mas é marcante em sua rotina. Mediada por sua experiência de campo e pela perspectiva psicanalítica, a autora conta histórias desses parceiros fundamentais, mas muitas vezes invisibilizados, e traz para o debate os desafios desse encontro e os impasses culturais que afligem um grupo tão representativo da sociedade e da desigualdade brasileiras.
Trecho do prefácio de Nilton Bonder: "Surge aqui um triângulo formado por desejo, intelecto e ação que aprofunda e faz mais rica ainda esta segunda obra. Se a primeira [Arquitetura no divã] já trazia a genial percepção de que a psique é em si uma arquitetura e misturava boa escrita com deliciosos causos humanos no aventar de seus projetos, neste segundo trabalho a mesma dinâmica ganha uma dimensão social. E repentinamente as mãos ganham identidade nos Ubiratan, João, Valentim, Junior, Getúlio, Francelino, Jaci e tantos outros a quem é concedida a visibilidade que ressignifica a arquitetura do trabalho. Essa presença, que em nosso país de domésticas e peões é tão abafada e anulada, ganha físico e psique própria, contestando a hierarquia que favorece o desejo e o planejamento, mas que despreza a habilidade e o artifício."