"A música, em Wittgenstein, como propusemos, demonstra também a importância que o filósofo dá ao aspecto relacional e à forma, pois ela pode ser pensada sob a forma lógica em uma perspectiva essencialista, sob a não forma do inefável na perspectiva ético-metafísica e sob a forma de vida na perspectiva pragmática. Acreditamos que há, de fato, um pensamento musical em Wittgenstein imbricado ao seu pensamento sobre a linguagem, que não só busca esclarecer suas reflexões linguísticas, mas também permite pensar a música a partir deste. E pensar a música a partir da filosofia de Wittgenstein é colocar em prática a própria metodologia do filósofo, aquela presente nas Investigações Filosóficas. É romper com a univocidade e o dogmatismo. É se debruçar sobre um objeto e nele refletir sobre suas nuances que podem se apresentar de um modo ou de outro, afinal, há sempre um ver assim e um ver de outra maneira. Pensar a música na obra e a partir da obra de Wittgenstein é, de fato, colocar em prática aquilo que o filósofo denominou ver aspectos".