Agrigento foi uma pólis fundada pelos gregos no século VI a.C. Localizada na costa sul da Sicília, a importância política que a cidade teve no Mediterrâneo Antigo é comumente recordada através da cultura material do sítio arqueológico de Agrigento, inscrita em 1997 como Patrimônio Mundial da UNESCO. Conhecida como "a cidade do Vale dos Templos", é local de grande atração turística pelos seus antigos templos religiosos. Dentre eles, o Templo da Concórdia, sobre o qual a autora dedicou a sua pesquisa. A defasagem óbvia entre visitar o edifício in loco e observar suas partes amputadas em uma instituição não é menor que o fosso que separa nossa relação contemporânea, que faz dos vestígios da Antiguidade Clássica símbolos cultuados pelos europeus por suposto valor civilizatório, da experiência antiga, radicalmente distinta nos propósitos e nos usos. O Templo da Concórdia, na acurada leitura de Glauce Luz, passou por esse movimento por força da conquista romana. A dimensão política desse fenômeno é explicada pela autora a partir de uma relação com o lugar, aplicando o conceito de lugar antropológico proposto pelo etnólogo francês Marc Augé. A qualidade da discussão é resultado de uma pesquisa que mostra uma autora responsável, atenta, cuidadosa e madura intelectualmente.