Atualmente, e pela primeira vez na história, existem mais pessoas vivendo nas cidades que na zona rural. Todos os meses, o mundo urbano ganha cinco milhões de novos moradores, e mantida essa taxa, isso irá expandir sua população citadina em 3,1 bilhões nas próximas quatro décadas.
Mais do que nunca, as pessoas dos vilarejos e das zonas rurais estão juntando as suas coisas e se mudando para as metrópoles, lá elas criam o que denominamos "cidades de chegada" - agrupamentos de moradores de vilarejos em distritos periféricos das cidades nos quais os residentes se esforçam para estabelecer uma nova vida e se integrar ao ambiente, social e economicamente. O objetivo desses indivíduos é construir comunidades, começar a economizar, investir e, frequentemente, deixar o local, criando novo espaço para a próxima onda de migrantes.
Em Cidade de Chegada, Doug Sanders afirma que essa migração é uma das tendências mais importantes do século XXI. Trata-se de uma história que se desdobra diante de nossos olhos em diversas cidades do mundo, de Istambul a Toronto, de Varsóvia a Mumbai, de Nairobi a Shenzhen, e exerce profundo impacto sobre o sucesso das economias regional, nacional e internacional de cada país. Muitas dessas cidades de chegada e muitos de seus moradores são ignorados, negligenciados e/ou até intimidados e tratados com violência. Mas este é um grande erro. As cidades de chegada bem-sucedidas criam classes médias prósperas, já as fracassadas geram pobreza e problemas sociais. Saunders nos mostra como tais questões sociais nascem diretamente nas cidades de chegada malsucedidas, como ocorreu em Paris, em 1789, quando os migrantes se rebelaram contra a falta de alimentos e a pobreza, em Teerã, em 1978, quando a revolução começou com migrantes não islâmicos, e nos subúrbios de Paris e Berlim, onde milhares migrantes ressentidos lideraram violentas revoltas ou até mesmo defenderam o fundamentalismo islâmico.