As matérias contidas nos Evangelhos podem ser divididas em cinco partes: os atos comuns da vida de Cristo, os milagres, as predições, as palavras que serviram para a fundação dos dogmas da igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras foram objeto de controvérsias, a última se conservou inatacável. Diante desse código divino, a própria incredulidade se inclina. É o terreno em que todos os cultos podem se encontrar, é a bandeira sob a qual todos podem se abrigar, quaisquer que sejam suas crenças, pois a última parte jamais foi objeto de disputas religiosas, sempre e em qualquer lugar levantadas por questões dogmáticas; aliás, se as discutissem, as seitas teriam nela sua própria condenação, porquanto a maioria delas se apegou mais à parte mística que à parte moral, que exige a reforma de cada um em particular.
Para os homens, de modo especial, esse código é uma regra de conduta que abrange todas as circunstâncias da vida privada ou pública, o princípio de todas as relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça. Finalmente e acima de tudo, é a via infalível para a felicidade vindoura, uma ponta do véu levantada para vislumbrar a vida futura. Essa parte é que constitui o objeto exclusivo desta obra.