O livro resulta de uma paciente pesquisa de documentos sobre a condição feminina. No caso, o elo mais frágil da cadeia social: a mulher negra de origem africana, onde a condição de inferioridade se agrava pelo fato de ter sido escrava ou fi lha de escravos.
Mas o olhar da autora vai além: interpreta os registros colhidos à luz de uma perspectiva que vê comportamentos e situações a partir do ângulo da emancipação possível do sujeito, no caso as mulheres pobres, as domésticas
de São Paulo no fi m do século XIX e início do XX.
A historiografia sobre esse período nos mostra uma presença maciça de escravas em São Paulo, adquiridas pelos cafeicultores abastados. Dado histórico que explica o alto número de domésticas negras entre nós.
Era preciso sim, que uma historiadora paulista se ocupasse delas, para iluminar a face obscura dessas mulheres.
Ecléa Bosi