"O capital é um modo de produção na exata medida em que é um modo de destruição", afirmam os filósofos Éric Alliez e Maurizio Lazzarato neste livro. Para dar conta do atual momento histórico, em que o caráter racista, nacionalista, machista e xenófobo dos novos fascismos redefine desigualdades e acentua polarizações, os autores propõem um experimento ousado: uma espécie de contra-história do capitalismo que toma a relação entre política e guerras como seu eixo. São "guerras", no plural, pois se desdobram em múltiplas dimensões da vida: guerra ecológica, guerra de raças, de gênero, de nacionalidades, guerra contra os estrangeiros, contra as mulheres, contra os indígenas, contra os pobres.
Para os autores, o processo de acumulação primitiva do capital implica necessariamente a promoção de guerras civis infinitas, e a matriz comum a elas é a da guerra colonial, "que nunca foi uma guerra entre Estados, mas uma guerra em meio à população e contra ela, na qual nunca foram vigentes distinções entre paz e guerra, entre combatentes e não combatentes, entre o econômico, o político e o militar".